Nome do Projeto
Ciclos sem Dor – Menstruar sem Medos
Enquadramento do Projeto
Direcionado a adolescentes do ensino básico e secundário do Agrupamento de Escolas Tenente Coronel Adão Carrapatoso, em Vila Nova de Foz Côa. Inserido no contexto de saúde escolar através da UCC Foz Côa, por uma Enfermeira ESMO, o projeto promove não só a educação menstrual, a desmistificação de tabus e a capacitação das jovens para a gestão informada do ciclo menstrual, mas também dá ênfase especial à dor menstrual, combatendo a sua normalização inadequada.
Necessidade(s) Identificada(s)
Surge da necessidade, amplamente reconhecida a nível mundial, de mudar o paradigma em torno da saúde menstrual, promovendo o empoderamento feminino e a literacia em saúde desde a adolescência.
Educar para a saúde menstrual é fundamental para garantir que cada menina e mulher conheça o seu corpo, compreenda o funcionamento do seu ciclo e seja capaz de identificar precocemente sinais que possam indicar alterações ou patologias, como a dismenorreia severa ou a endometriose. Este conhecimento promove uma vivência mais consciente, tranquila e positiva da menstruação, com benefícios diretos na autoestima, na satisfação pessoal, íntima, sexual e relacional, bem como no acesso atempado aos cuidados de saúde.
A necessidade de intervir nesta área tem vindo a ser reconhecida a nível político e institucional, como demonstra a criação do projeto-piloto nacional “Dignidade Menstrual”. Promover a educação menstrual é promover saúde, dignidade e justiça social.
É urgente romper com a normalização da dor menstrual — ainda profundamente enraizada nas famílias, nas escolas e até nos serviços de saúde — pois esta tem contribuído para o atraso no diagnóstico de condições sérias como a endometriose, a síndrome dos ovários policísticos (SOP) ou outras disfunções hormonais. Quando a dor é banalizada, sinais de alarme deixam de ser reconhecidos, e o acesso a cuidados é adiado. Educar para identificar o que não é normal é um passo essencial para garantir diagnósticos precoces, acesso a tratamento e uma melhor qualidade de vida desde a adolescência.

Objetivo(s) e Meta(s)
O projeto “Ciclos sem Dor – Menstruar sem Medos” tem como objetivo geral promover a literacia em saúde menstrual junto de alunas do 2.º ciclo ao ensino secundário, contribuindo para o empoderamento das jovens, a identificação precoce de sinais de alarme e a vivência saudável, digna e informada do ciclo menstrual.
Estratégias de Implementação
A execução do projeto será assegurada em estreita colaboração entre a escola e a Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC Foz Côa), com articulação com os diferentes serviços da Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG) — nomeadamente as equipas de família, Unidade de Saúde Pública e o Departamento da Saúde da Mulher e da Criança — sempre que necessário, para garantir respostas adequadas às necessidades de saúde identificadas individualmente.
A metodologia pedagógica do projeto assenta em dois modelos complementares:
_ O Modelo Interativo, que inclui discussões orientadas, dinâmicas de grupo, estudos de caso e partilhas em pequenos círculos, favorecendo a participação ativa, o pensamento crítico e a desconstrução de mitos em torno da menstruação;
_ O Modelo de Aprendizagem Socioemocional, que promove o autoconhecimento, a empatia e a expressão emocional através de dramatizações, reflexões pessoais e atividades artísticas, criando um espaço seguro e acolhedor de partilha e escuta.
As dinâmicas educativas serão desenvolvidas maioritariamente em contexto de sala de aula, e complementadas com sessões em pequeno grupo no Gabinete do Adolescente, permitindo um espaço mais reservado de reflexão, partilha e abordagem de questões mais íntimas ou específicas sempre que necessário. Serão também promovidas ações específicas com famílias, associações de estudantes, professores e outros agentes educativos, fomentando um ambiente escolar mais inclusivo e uma rede de apoio em torno da saúde menstrual.
Ao longo do projeto, será incentivada a procura voluntária pelo Gabinete de Apoio ao Aluno para triagens individuais e orientação clínica sempre que necessário, assegurando um acompanhamento próximo e eficaz por parte da equipa de saúde.
Indicadores e Métodos de Avaliação
A avaliação do projeto será contínua, combinando métodos quantitativos e qualitativos para aferir o impacto das ações ao nível do conhecimento, das atitudes e dos comportamentos relacionados com a saúde menstrual, bem como da resposta dos serviços de saúde. O principal instrumento de avaliação será um questionário já autorizado pela Comissão de Ética da ULSG, aplicado em dois momentos distintos: antes da intervenção, em outubro de 2025, com o objetivo de realizar um diagnóstico inicial dos conhecimentos, práticas e percepções dos adolescentes sobre menstruação; e após as ações educativas e triagens, em maio de 2026, permitindo aferir as mudanças resultantes da intervenção.
Este questionário cumpre dois objetivos complementares: a nível global, integra um estudo de investigação em parceria com a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), com vista à caracterização da população de adolescentes que menstruam nos agrupamentos de escola na área de abrangência da ULS da Guarda, no que respeita à saúde menstrual; a nível local, constitui o principal instrumento de medição do impacto do projeto em Vila Nova de Foz Côa, permitindo comparar os resultados antes e depois da intervenção e identificar mudanças significativas.
Adicionalmente, serão utilizados outros métodos e indicadores de avaliação, tais como os registos clínicos e dados das triagens realizadas no Gabinete de Apoio ao Aluno (nomeadamente o número de adolescentes sinalizadas e ncaminhadas para avaliação médica), a participação nas atividades (número de sessões realizadas, taxa de adesão e continuidade de participação), o feedback qualitativo recolhido em círculos de conversa, reflexões escritas, a observação direta do envolvimento, interesse e interação das participantes durante as dinâmicas, e os relatórios finais elaborados pela equipa de saúde e pela direção do agrupamento escolar.
Esta avaliação a múltiplos níveis permitirá não só compreender o impacto do projeto no contexto local, como também gerar dados que sustentem a sua replicação noutros agrupamentos escolares da ULSG, contribuindo para o desenvolvimento de políticas públicas mais justas e eficazes na área da saúde menstrual.
Descrição dos Custos Previstos para a Implementação do Projeto
A implementação do projeto contempla custos distribuídos em duas áreas principais: aquisição de materiais pedagógicos e educativos e formação das equipas envolvidas.
No que se refere à aquisição de materiais pedagógicos e educativos, está prevista, em primeiro lugar, a produção de materiais informativos adaptados a diferentes faixas etárias, com o objetivo de fornecer informação clara, acessível e cientificamente rigorosa sobre menstruação, ciclo menstrual, autocuidado, sinais de alarme e direitos, de forma apelativa. Entre os materiais a produzir incluem-se guias educativos para adolescentes (dos 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário), folhetos para famílias, cartazes para espaços escolares e infográficos para uso em sala de aula e no Gabinete do Adolescente. O design gráfico dos materiais está estimado em 200 euros, sendo que a impressão posterior será assegurada pela Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG).
É necessário enriquecer o nosso kit pedagógico para o Gabinete do Adolescente, com o objetivo de assegurar a continuidade das atividades ao longo do ano letivo e disponibilizar recursos educativos permanentes. Este kit incluirá modelos anatómicos do aparelho reprodutor, livros e jogos didáticos sobre menstruação, cartazes reutilizáveis em PVC ou tecido, bem como produtos de higiene menstrual reutilizáveis (como pensos de pano e copos menstruais) para fins demonstrativos, almofadas para rodas de conversa. O kit inclui estes artigos:
_ Modelo Anatómico Vulva 49.90€
_ Tampões Higiénicos Reutilizáveis Algodão Imse Vimse 21,95€
_ Cuecas Menstruais 35€
_ Pensos Higiénicos Reutilizáveis Combo Charlie Banana 26,90€
_ Livros e jogos didáticos menstruais 259,21€
No eixo da formação das equipas envolvidas no projeto, está prevista a realização de ações de capacitação para profissionais da saúde e da educação, com o objetivo de assegurar que todos os intervenientes estejam preparados para abordar a menstruação com sensibilidade, base científica e foco nos direitos humanos e na comunicação com adolescentes. A formação poderá assumir a forma de workshops presenciais, complementados com sessões online. O custo previsto para honorários de formadores é de cerca de 300 – 500 euros.
No total, os custos estimados para estas duas áreas fundamentais da implementação do projeto variam entre 1.000 e 1600 euros, dependendo da solução final adotada para o design e produção dos materiais e da abrangência da formação prevista.
O valor do prémio (500€) cobre os custos previstos?
Não.
Se respondeu “NÃO” à questão anterior, como planeia obter o restante financiamento?
O financiamento restante para a implementação do projeto será assegurado através da articulação com a Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG), que apoiará com recursos humanos e logísticos, bem como com a colaboração da Associação Mulherendo, que contribuirá para a sensibilização e formação. Paralelamente, prevê-se o envolvimento do Município local. Esta rede de parcerias permitirá garantir a sustentabilidade e o sucesso do projeto, assegurando os recursos necessários para a sua plena execução.
De que forma o projeto pretende contribuir para um NASCER POSITIVO em Portugal?
Este projeto pode assumir um papel piloto em contexto de Saúde escolar, com potencial para ser replicado em outros concelhos ou ULS e inspirar mais escolas e profissionais de saúde a desenvolverem sensibilidade para a temática da saúde menstrual, reconhecendo-a como uma prioridade na promoção da saúde sexual e reprodutiva. Ao garantir que mais jovens tenham acesso a informação, cuidados e apoio desde cedo, cria-se uma base sólida para que cada criança e adolescente cresça com dignidade e consciência sobre o seu corpo, ao atuar precocemente na educação menstrual, promovendo o conhecimento do corpo e o reconhecimento do ciclo menstrual como um sinal de saúde. Ao empoderar adolescentes para uma relação positiva com o seu corpo e com o seu ciclo, o projeto reforça a autoestima, a literacia em saúde e a capacidade de decisão informada.
Paralelamente, com o objetivo de facilitar o encaminhamento e acompanhamento precoce no SNS de situações como a dismenorreia, promovendo uma melhor qualidade de vida e prevenindo complicações futuras, incluindo problemas relacionados com a fertilidade, contribuindo sem dúvida para um Nascer Positivo em Portugal.