Nome do Projeto
VOLTAMOS A NASCER TODOS OS DIAS

Enquadramento do Projeto
Público-Alvo: Casais que procuram o Centro Materno Infantil do Norte Albino Aroso (CMIN) para o nascimento. Contexto: Núcleo de Partos do CMIN. Desde 1939, assistimos a nascimentos como Maternidade Júlio Dinis (MJD) e desde 2014 como Centro Materno Infantil do Norte Albino Aroso (CMIN), somamos 84 anos de experiência e somos atualmente a maior maternidade do país. Os tempos mudam e com eles novos desafios e é deste carecimento que surge este projeto, para dar resposta às evidências científicas e pelo interesse da equipa de enfermagem, em promover o parto normal para assim devolver à mulher a sua capacidade inata para parir. A mulher quer ser espontânea no trabalho de parto, mover-se, escolher as posições mais confortáveis, respirar, expressar-se à sua maneira num ambiente que é minimamente invasivo, num quarto quente, reservado, semiescuro, onde possa dar à luz sem perturbações em total privacidade e onde se sinta confortável e segura. (1) Nos últimos anos temos conseguido alguns progressos, sentiu-se uma crescente consciencialização para uma necessidade de oferta mais personalizada, restaurando o poder ao casal, trabalhando para uma experiência positiva do nascimento, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (2), no entanto achamos que podemos oferecer mais e melhor ao casal que nos procura para este momento tão único e especial. A evidência demonstra-nos que a utilização de abordagens mais centradas na mulher, no seu empoderamento e liberdade de movimentos durante o trabalho de parto e parto, se revêm em ganhos de saúde para a mãe e para o bebé. Todos os estudos nos dizem que as posições verticalizadas e a mobilidade estão associadas a uma redução do primeiro estadio do trabalho de parto, diminuição da necessidade da técnica de analgesia epidural, menor taxa de episiotomia e menos recurso a cesarianas, diminuindo também a necessidade de internamento na unidade de cuidados intensivos / intermédios dos recém – nascidos.(3,4,5,6) Sendo ainda importante referir que a mobilidade aumenta na parturiente a sensação de controlo do seu corpo durante o trabalho de parto. A Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) desaconselha o decúbito dorsal no período expulsivo pelo risco de compressão aorto-cava e diminuição da perfusão uteroplacentária (7), portanto a mulher deve ser encorajada a fazer os esforços expulsivos na posição que sentir conforto. O projeto “Parto Natural no CMIN”, em curso desde 2021, surgiu neste enquadramento, pois cada vez mais, somos procurados por casais que pretendem uma abordagem mais fisiológica durante o trabalho de parto e parto. E nós, enquanto profissionais da área acreditamos que este é o melhor caminho, tendo sempre por base a evidência científica, que assim o suporta e os indicadores sensíveis à qualidade assistencial e não somente sensíveis a indicadores de sobrevivência. Para operacionalização deste projeto no serviço de Núcleo de Partos do CMIN, começamos pela formação dos profissionais na área da verticalidade e mobilidade durante o trabalho de parto e parto, e na aquisição de materiais facilitadores a oferecer à grávida durante este momento tão especial. Entende-se como ganhos em saúde resultados positivos dos indicadores da saúde incluindo referências sobre a respetiva evolução. Neste contexto enumeramos alguns ganhos associados a uma abordagem mais fisiológica do trabalho de parto: diminuição no número de partos distócicos; diminuição da morbilidade materna e neonatal; aumento do conforto e sensação de controlo da mulher durante o seu trabalho de parto e aumento das experiências positivas de nascimento. Assim conseguimos com a mudança de paradigma, que em 2021 e 2022 fossem realizados 2130 partos eutócicos pelos Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstétrica (EESMO), no total de 6093 partos realizados neste biénio no CMIN. Como forma de enquadramento dos valores apresentados, parece-nos importante relembrar, que somos uma instituição hospitalar de nível 3, onde prestamos assistência a mulheres com gravidez de baixo risco, mas grande parte da nossa assistência é dedicada á gravidez de médio e alto risco. Para dar resposta ao grande grupo populacional que nos procura deparamo-nos com algumas dificuldades de carater físico. O prémio Nascer Positivo seria um input importante para termos disponíveis mais e diversos recursos para todos os casais que nos elegem. O trabalho de parto é uma sequência de momentos especiais, carregados de fisiologia, e nós profissionais de saúde somos responsáveis por criar o ambiente potenciador do equilíbrio deste cocktail hormonal, promovendo estratégias facilitadoras e estando a atentos às necessidades de cada momento.
Referências Bibliográficas:
1. Balaskas J. Parto Ativo – Guia Prático Para o Parto Natural 2017.
2. WHO recommendations Intrapartum care for a positive childbirdth experience. 2018
3. Lawrence A, Lewis L, Hofmeyr GJ, Styles C. – Maternal positions and mobility during first stage labour (Review). Cochrane Database Syst Ver. 2013, 10: CD003934.
4. Albers LL, Anderson D, Cragin L, Daniels SM, Hunter C, Sedler KD, et al. The relationship of ambulation in labor to operative delivery. Jounal of Nurse Midwifery 1997.
5. Gupta JK, Sood A, Hofmeyr GJ, Vogel JP. – Position in the second stage of labour for women without epidural anaesthesia. Cochrane Database Syst Rev. 2017; 5:CD002006.
6. Torres et.al. – Evidência sobre a posição da grávida no segundo estádio do trabalho de parto. Acta Obstet Ginecol Port, volume n.12, pg. 277-283 2018.
7. FIGO Safe Motherhood and Newborn Health (SMNH) Committee.

Necessidade(s) Identificada(s)
O projeto para o Parto Natural no CMIN iniciou em 2021, tendo como grande objetivo promover a verticalidade e a liberdade de movimentos da mulher grávida durante o trabalho de parto e parto. Acreditamos que desta forma, estamos a respeitá-la nesta experiência transformadora, capacitando-a do poder do seu corpo, fazendo-a acreditar de que é ela que está no comando das suas decisões. As mulheres que nos escolhem querem ser respeitadas neste momento único nas suas vidas e nós como EESMO queremos dar resposta às suas necessidades de forma atempada. Tendo em conta os números apresentados anteriormente, lutamos com uma gestão de recursos materiais constante, para assim cumprirmos o nosso propósito e podermos facilitar a mobilidade e verticalidade durante o trabalho de parto e parto. A disponibilidade de mais materiais facilitadores permitem-nos aliar o melhor de dois mundos, o conforto e a liberdade. Neste contexto, alguns equipamentos potenciadores do movimento durante o trabalho de parto e parto foram adquiridos, no entanto muitos outros são necessários. Assim propomo-nos a este prémio para obter mais meios como cub’s, bolas de pilates e espelhos. “Para mudar o mundo é preciso mudar a forma como nascemos”. (Michel Odent, 2002)

Objetivo(s) e Meta(s)
Delineamos para este projeto as seguintes metas e objetivos tendo por base a evidência científica e os ganhos em saúde referenciados na primeira resposta deste questionário:
• Promover a mobilidade e verticalidade durante o trabalho de parto;
• Facilitar a verticalidade no período expulsivo e parto;
• Capacitar a grávida para o parto normal;
• Oferecer estratégias facilitadoras do parto normal;
• Proporcionar medidas não farmacológicas de alívio da dor;
• Diminuir a taxa de episiotomias;
• Diminuir o número de partos distócicos;
• Aumentar os níveis de satisfação da grávida/ casal durante o trabalho de parto e parto.

Estratégias de Implementação
Passamos a enumerar algumas das estratégias já em ação e que com este prémio pretendemos otimizar:
• Formação dos profissionais na área da verticalidade e mobilidade durante o trabalho de parto e parto;
• Equipar as salas de partos com recursos facilitadores da verticalidade (cub’s / bolas de pilates);
• Utilização de bolas de pilates no corredor de deambulação e sala de indução/expectantes.

Indicadores e Métodos de Avaliação
Tendo por base os indicadores de evidência e medida apontados pela Mesa do Colégio da Especialidade de Saúde Materna e Obstétrica da Ordem dos Enfermeiros (MCESMO) para o projeto Maternidade com Qualidade(1), selecionamos como focos para o nosso projeto os seguintes:
• Estímulo a posições não supinas durante o trabalho de parto;
• Episiotomia / a utilização na prática clínica;
• Alívio da dor / medidas não farmacológicas no trabalho de parto e parto.
Enquanto método avaliação deste projeto para obter conhecimento se as mudanças operadas estão a atingir os objetivos propostos, indicamos os sistemas de informação – SClínico – utlizados como registo de forma parametrizada de todas as intervenções realizadas pelos EESMO, estes são traduzidos na plataforma do Business Intelligence do enfermeiro (BI) aonde estão enumerados e contabilizados os cuidados prestados, dados estes relacionados com o desempenho dos Enfermeiros.
Outra estratégia de avaliação delineada para este projeto será a implementação de um questionário de avaliação da satisfação da grávida / casal no que se refere à experiência de trabalho de parto e parto.
Referências Bibliográficas:
1. Ordem dos Enfermeiros. Regulamento dos padrões de qualidade dos cuidados especializados em saúde materna e obstétrica. In: Obstétrica AdCdEeEeSMe, editor. Lisboa 2018

Descrição dos Custos Previstos para a Implementação do Projeto
Apresentamos os custos previstos para a aquisição de alguns materiais facilitadores da verticalidade e mobilidade:
• Cub´s (Salas de partos 2;4 e 5) – 120,16 euros x 3= 360,48 euros
• Bolas de pilates (Salas de partos 1; 3; 6 e corredor de deambulação) – 15 x 6= 90 euros
• Espelho (2) – 20 euros x 2= 40 euros

O valor do prémio (500€) cobre os custos previstos?
Sim.

De que forma o projeto pretende contribuir para um NASCER POSITIVO em Portugal?
Acreditamos que a gravidez, o trabalho de parto e parto, são uma experiência transformadora na vida de todas as mulheres. O parto é um momento intenso, desafiador, desconhecido e único na vida da mulher. A forma como ela percorre este caminho pode fazer toda a diferença na interpretação da sua vivência. E este é o grande objetivo deste projeto: Capacitar todas as mulheres do seu poder, do poder do seu corpo e assim devolver-lhes o controlo do seu parto, porque ninguém melhor que a própria sabe o que precisa para trazer o seu filho ao outro lado da pele. A nossa visão sobre este projeto permite-nos acreditar, que podemos contribuir ativamente para mudar a perspetiva de nascimento em Portugal. Enquanto CMIN conseguimos tocar muitas famílias e como tal sabemos que podemos ter um impacto importante na mudança deste paradigma. Sentimos que este é o nosso maior contributo para uma experiência positiva e empoderadora de nascimento. Queremos fazer mães, bebés e famílias felizes. “Devolver o nascimento ao seu lugar: o de um momento sagrado, único, íntimo e muito nosso” (Carmen Moreno in Parto Positivo, 2020)